quinta-feira, novembro 23, 2006

Passatempo – Encontre as Diferenças

Este é um desafio que colocamos aos nossos leitores no sentido de encontrarem diferenças no que respeita ao possível envolvimento de dinheiros públicos no financiamento a infra-estruturas desportivas utilizadas pelo futebol profissional do mesmo escalão:


NOTÍCIA A

Alberto João Jardim garantiu a cerca de um milhar de sócios e simpatizantes do Marítimo, que participaram sábado à noite no jantar do 96.º aniversário do clube, que o novo estádio do Marítimo é uma das sete prioridades do seu executivo.

Pese embora as restrições financeiras colocadas pelo Governo da República, o presidente do Governo Regional deixou claro que a nova infra-estrutura – que classifica de estruturante para a zona da Praia Formosa, zona oeste do Funchal – ficará pronta até Outubro de 2008. “Não é uma prioridade meramente futebolística”, observou.

No decorrer do jantar, o presidente Carlos Pereira exaltou o crescimento do Marítimo a vários níveis, revelou que o clube já movimenta cerca de 2.000 atletas e anunciou uma nova medida: a implementação de um Sistema Integrado de Gestão da Qualidade e Segurança, nas áreas de Gestão do Património, Colégio e Modalidades Amadoras.

Autor: GONÇALO VASCONCELOS
Data: Segunda-feira, 30 Outubro de 2006 - 00:48 –
Record Online






NOTÍCIA B

Tribunal chamado a deslindar negócio entre a Câmara e a Académica/OAF

MP pede anulação do acordo de utilização do Estádio


O Ministério Público propôs ao Tribunal Administrativo que ordene a anulação do acordo de utilização do Estádio Cidade de Coimbra (ECC), celebrado entre a Câmara Municipal e a Académica/OAF, apurou o “Campeão”.
A iniciativa surgiu na sequência de uma acção a cargo da Inspecção-Geral de Finanças, cujos contornos já foram revelados pelo nosso Jornal a 22 de Dezembro de 2005. A IGF inclinou-se para a hipótese de o acordo de utilização configurar uma “prática ilegal”, tese corroborada pelo Ministério Público.
O presidente da Câmara, Carlos Encarnação, e um representante da TBZ declinaram ontem pronunciar-se sobre o assunto nesta fase. O “Campeão” também diligenciou para obter uma reacção da Académica/OAF, mas isso foi impossível até ao fecho desta edição.
Segundo apurámos, a Secretaria de Estado do Orçamento alegou falta de definição e de contratualização dos fins a que devem ser aplicadas as receitas provenientes da exploração / cessão de exploração de espaços do complexo municipal sem dedicação exclusiva à prática desportiva.
Ao aludir à verba de 2,5 milhões de euros paga anualmente pela TBZ à Académica/OAF, a mesma Secretaria de Estado entendeu que isso “parece representar uma forma indirecta” de a Câmara “subsidiar contratos” suportados pelo clube com o desporto profissional, o que violaria o espírito do Decreto-Lei 432/91.
Na Primavera de 2004, a Académica/OAF assumiu que o objectivo de entregar a gestão do ECC a uma entidade privada visava “garantir a estabilidade financeira” do clube.
Segundo a proposta apresentada pela Académica/OAF, as poupanças directas para a autarquia, foram estimadas em cerca de 2,1 milhões de euros. O antigo vereador Nuno Freitas chegou a calcular que os custos de manutenção do ECC possam rondar anualmente seis milhões de euros.
Na fase em que a IGF apresentou o projecto de relatório, o presidente da Câmara de Coimbra considerou que a celebração do acordo de utilização do ECC representou uma “consequência inevitável do incomportável impacto economico-financeiro (...) de uma qualquer solução que passasse por ser a autarquia a suportar os custos operacionais de gestão”.
Sem a Câmara possuir “vocação para definir planos agressivos de geração de receitas de infra-estruturas desportivas” e invocando a “situação específica” da Académica/OAF, Carlos Encarnação – que herdou de Manuel Machado a adesão ao Euro/2004 – concluiu que “qualquer solução de gestão do ECC teria de passar, necessariamente, por uma plataforma de entendimento e de cooperação” entre a edilidade e o clube.
Ao fazer notar que a Briosa rejeitou participar numa empresa municipal para gestão do Estádio Cidade de Coimbra, o autarca entendeu poder dizer-se que a Câmara se encontrava num “verdadeiro estado de necessidade quanto à exigência de encontrar uma solução que pudesse compatibilizar o seu interesse essencial” de supressão de custos operacionais “com o interesse público de dinamização da gestão de uma infra-estrutura desportiva”.
Briosa inevitável?

Apesar de invocar o “estado de necessidade”, Carlos Encarnação sublinhou estar a Câmara convicta de que os termos e condições do acordo salvaguardam o interesse público, “dele não decorrendo a atribuição de qualquer vantagem ilícita para a Académica/OAF”.
Para o edil, as “considerações tecidas no projecto de relatório são graves e injustas”, sendo, por isso, merecedoras de “frontal e enérgica contestação da Câmara Municipal de Coimbra”.
“Só a Académica/OAF estava em condições de celebrar com a Câmara um acordo que representasse para esta a desoneração de arcar com os custos de gestão do ECC por se tratar do único organismo que se encontrava em posição de alcançar as receitas previstas”, alegou então o autarca.
Carlos Encarnação assinalou, por outro lado, a falta de cumprimento em relação à CMC do compromisso assumido pelo Estado em matéria de bonificação de juros dos empréstimos concedidos aos clubes que construíram estádios para o Euro/2004.
Há dois anos e meio, o jurista Vital Moreira, antigo membro do Tribunal Constitucional, preconizou a abertura de concurso púbico para seleccionar a entidade habilitada para assumir a gestão do ECC depois de a Câmara ter deliberado proceder a ajuste directo com a Académica/OAF.
A edilidade julgou dispensável a realização de concurso com base num parecer de outro jurista, Pedro Gonçalves, em cuja opinião o clube é um “parceiro natural” para a celebração do acordo.
Vital Moreira expressou receio de que o “complicado esquema” inerente à proposta da Académica/OAF configure “mais uma imaginosa forma enviesada de financiamento de um clube de futebol, à margem das regras que disciplinam os subsídios públicos”.
“Neste negócio é manifesto que a primeira vítima é a transparência e a segunda, provavelmente, as finanças municipais”, alegou o antigo juiz do Tribunal Constitucional ao alertar para o risco de “questões de procedimento e de transparência poderem ser contornadas com «habilidades» contratuais mais ou menos criativas”.

Quinta-feira, 23 de novembro de 2006 – Campeão das Províncias.

2 comentários:

  1. Caro Duarte, eu não vejo as coisas por esse prisma. Interessa-me pouco se é maior ou menor o grau. A partir do momento em que se faz e em que se ultrapassa o risco, o grau só serve para agravar o mal que se faz. Não deixa de ser mal.

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  2. Caro Kodro,

    Repare bem, eu apenas fiz uma colagem, de duas notícias.
    Não coloque na minha boca qualquer tipo de julgamento ou posição sobre elas.

    Apenas me pareceu um inigma interessante para quem se preocupa com estas questões.


    Mas já agora posso propor o segundo nível deste passatempo.
    Proponho que faça a listagem de quem seguramente não passou ainda esse tal risco de que fala.

    Nivel três:
    Indique referências credíveis provenientes na Madeira, críticas sobre esta iniciativa do tio Alberto.

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