O Visão de Mercado publicou uma Análise Táctica sobre a equipa da Briosa, da autoria de Álvaro Costa e publicado no Visão de Mercado. Trabalho rigoroso, em que apesar de discordar pontualmente de algumas questões, acho que merece ser re-publicado aqui. Não deixem contudo de visitar o blog, e para quem aprecia, ver as Análises Tácticas que já foram feitas às outras equipas da Primeira Liga.
Visão Táctica: Académica (por Álvaro Costa / Visão de Mercado)
Dando continuidade à nossa rubrica dedicada à vertente táctica, esta semana vamos abordar a Académica, a turma de Jorge Costa que ocupa neste momento um excelente 5º lugar na Liga Zon-Sagres. A análise terá como base principalmente os últimos jogos, apesar das inevitáveis referências à globalidade da presente temporada.
A equipa dispõe-se num 4x3x3 com um triângulo composto por um trinco (trinco mesmo e não pivot) e dois médios interiores à frente. Apresenta um trio ofensivo muito dinâmico e perigoso. É também aqui que “mora” o jogador que faz com que varie para um 4x4x2. Sougou, joga pelo lado direito mas muitas vezes faz diagonais em velocidade para o espaço entre o lateral e o central adversário o que faz com que ele se aproxime e passe a jogar de perfil com Miguel Fidalgo. O conjunto de Coimbra varia também para um 4x1x4x1 com o recuar dos alas que se aproximam dos médios. Esta variante dá mais segurança e consistência à equipa.
A Académica tem no meio campo o jogador mais importante no funcionamento da sua dinâmica, Nuno Coelho, é no seu habitat (casa táctica) que a equipa o procura sempre procurar o seu equilibrio para nunca perder o seu sentido táctico. Nuno Coelho tem como função principal destruir e equilibrar a equipa mas também saber sair a jogar sem nunca … sair. Quando a equipa tem bola ele faz apenas passes curtos e normalmente para variar o sentido da bola. Tem uma recepção orientada excelente o que lhe permite simplificar este processo de receber e dar.
Equipa (com bola):
Joga numa posse objectiva sempre com o objectivo de queimar espaço e ignorando por vezes todas as fases de construção. Quando joga em posse tenta sempre jogar a um ritmo intenso, a bola roda de jogador para jogador a dois, três toques e sempre de forma a tentar criar espaços rapidamente. A bola muitas vezes percorre diagonais (extremo, interior, extremo contrario). Na 1ª fase de construção Nuno Coelho conduz a bola nos primeiros metros, mas logo a seguir entrega a um dos interiores que se aproxima dele (Hugo Morais ou Diogo Melo) e um destes então serve de transportador. Aqui começa a dinâmica ofensiva da Académica.
Equipa (sem bola):
Quando a equipa está sem bola, também o sabe fazer. Muda o chip sem perder o seu fio condutor. Agressividade, é a palavra que a melhor define a defender. Pressiona alto e num pressing destrutivo (a pressão é feita com o intuito que ao recuperar a bola a equipa esteja de frente para o jogo). Deixa sair o adversário numa 1ª fase de construção mas depois sobe as suas linhas e pressiona em bloco. Esta pressão torna-se mais intensa nas laterais onde a equipa tenta matar a jogada sempre com 3 jogadores a pressionarem o portador da bola. Este processo defensivo serve também como protecção para se defender das suas maiores debilidades, que são: o espaço entre as linhas defensivas e medias.
Defesa
Se Amoreirinha, Orlando ou até Berger disfarçam porque tem uma aceleração razoável, já Luís Nunes é um jogador lento mas que compensa com jogo aéreo , força e poder de corte. Não fazem jogo de pares mas tem um poder de antecipação muito bom. Talvez a conexão entre os defesas sejam o maior problema desta equipa. Na baliza, Peiser demonstra bons reflexos que fazem dele um grande guarda-redes entre os postes mas a sair demonstra algumas deficiências. Os laterais procuram sempre dar profundidade ao corredor, principalmente na esquerda por Hélder Cabral, na direita Pedro Costa com menos apoio de Sougou, acaba por ser menos interventivo ofensivamente.
Meio campo
Temos três jogadores, Hugo Morais que procura mais vezes o passe longo e uma construção de jogo maior, gerindo também os tempos de jogo, Diogo Melo que é um médio mais trabalhador e joga próximo de Nuno Coelho, conseguindo igualmente dar algum apoio ao lado direito. E Nuno Coelho, que tem um papel preponderante no equilíbrio da equipa. Quando um dos laterais sai para pressionar na lateral, o central aproxima-se da ala e é Nuno Coelho que equilibra a defesa. É neste momento que ele se torna fulcral no equilíbrio da equipa. Os extremos descem quando não tem bola e depois do adversário ter entrado na 3ª fase de construção, a equipa báscula mas fracamente, pois os interiores por vezes jogam demasiado distantes um do outro (se jogar contra uma equipa larga tem dificuldades).
Ataque
Nos corredores laterais também temos dinâmicas diferentes, enquanto na direita se vive muito da profundidade , velocidade e explosão de Sougou que varia os seus movimentos verticais com movimentos de profundidade , o apoio quase nunca aparece do lateral mas sim de Diogo Melo, que se aproxima. No lado esquerdo temos Diogo Valente, que faz um jogo posicional (procura dar mais largura do que profundidade) diferente de Sougou, aproxima-se mais vezes do meio mas para uma zona de construção terciária ao contrario de Sougou que faz para a zona de finalização e que obriga Miguel Fidalgo a aproximar-se mais do segundo poste. Diogo Valente porem faz as diagonais também para arrastar marcações abrindo espaços para a entrada de Hélder Cabral que dá profundidade ao corredor. Diogo Valente é exímio nos cruzamentos que tira. No centro de ataque a equipa tem um ponta de lança puro, Miguel Fidalgo é um jogador de movimentos verticais, não é muito móvel nem rápido mas é muito inteligente na forma como se movimenta na área. Tem uma relação com o golo muito boa.
Transições
Defesa - Ataque: Quando recupera a bola tenta logo um passe vertical aproveitando a velocidade dos extremos, saem 4 jogadores em profundidade - transição vertical. Varia esta transição com a apoiada, primeiro passe para um dos interiores e parte para um contra ataque num movimento colectivo.
Ataque - Defesa: Pressiona alto para recuperar bola onde a perde, os avançados pressionam logo, os médios sobem as linhas para encurtar a equipa e o lateral volta para a sua posição.
Bolas Paradas
Ofensivas: Põe 5 homens na área,1 ao primeiro poste, e os outros quatro estão na linha de grande área, partindo depois em diagonais para o 1º ou 2º poste.
Defensivas: Defende com 9 homens, deixa um encostado ao 1º poste mas aquela zona está algo desprotegida, preferindo sobrepovoar a zona central, porem falta-lhe alguma agressividade sobre a bola. Marcação é totalmente zonal.
Boa análise, boa de mais para os treinadores adversários.
ResponderEliminarO que tu dizes tem toda a lógica o nuno coelho não sabe construir jogo, acho que podiamos formar um jogador para essas características que é o grilo, se bem que ache que ele é melhor a defesa esquerdo, ou ir buscar o nuno piloto, que para além defender muito bem sabe construir.
O autor deste texto dá pelo nome de Álvaro Costa, algo que, por lapso, não foi referido pelo visão de mercado. Caso estejam interessados em mais análises, entrem em contacto por este e-mail: kalashinikov23@gmail.com
ResponderEliminarCumprimentos do Manager
Luís Carvalho
Este texto não foi escrito por mim, aliás eu até digo no início que há um ou dois aspectos que discordo do autor do texto. Mas como acho que está um trabalho muito bom, não resisti a republicá-lo aqui, tentando dar o crédito aos seus autores, e neste caso, dei ao Visão de Mercado, porque era o único nome que aparecia.
ResponderEliminarEntretanto, já adicionei o nome do Álvaro Costa no post.
Agradeço a republicação, como tinha referido, tinha sido o visão de mercado a esquecer a referência ao autor.
ResponderEliminarFico grato pela vossa corecção.
Cumprimentos
Luís Carvalho