quinta-feira, abril 10, 2008

Frente a frente

A lista A e a lista D estão numa saúdavel guerra de comunicados sobre as promessas cumpridas/não cumpridas por José Eduardo Simões.  Acho que importa ver como as duas listas se debruçam sobre a mesma realidade, isto é, sobre os últimos 3 anos, para assim cada um fazer a sua comparação:

Lista A:

1. Concretizados

1.1.De Natureza Estratégica
• Inauguração da ACADEMIA DOLCE VITA
• Aquisição do Edifício dos Arcos do Jardim (PROCAC)
• Construção de Relvados Sintéticos para a Formação
• Manutenção da Académica na Super Liga
• Oposição à transformação da Académica numa SAD

1.2. Outros Objectivos e Acções
• Salários e Prestações Fiscais e Sociais em dia
• Aumento do número de atletas inscritos nas Escolinhas Briosa, na Formação e no Futsal (acréscimo de cerca de 20%)
• Aumento do número de atletas internacionais na Formação
• Aumento do número de atletas estudantes nas diversas equipas da Académica (valorização da Vertente Histórica Humanista da Académica)
• Apresentação de Proposta de Revisão dos Estatutos (em apreciação pelos Associados)


2. Em Fase adiantada de Concretização
• Qualificação dos meios humanos e equipamentos do Departamento Médico
• Renovação da frota de autocarros
• Diminuição do Passivo
• Organização dos serviços
• Criação de uma rede de prospecção progressivamente mais eficaz
• Reforço da ligação Académica /Universidade /Academia /Cidade /Região. Académica, símbolo de Coimbra


3. Não Concretizados
• Disputa de lugares de acesso a competições europeias
• Criação do Museu do Desporto Académico – para cujo estudo se reafirma total disponibilidade.

 

Já a lista D, diz sobre o mesmo período:

1. – REVISÃO ESTATUTÁRIA

 “Queremos proceder à revisão dos estatutos”, in Diário de Coimbra, 05-11-2004, ideia esta que foi reforçada por Almeida Santos, na qualidade de Presidente da Mesa da Assembleia-geral no dia da tomada de posse (14-01-2005), ao deixar o alerta de que era necessário rever os actuais estatutos que são “piores que maus, são péssimos. Têm lacunas e são confusos. Temos de dotar a Académica de estatutos condizentes com os seus pergaminhos”. 

Abril de 2008 – A revisão estatutária, tão propalada dado o seu carácter urgente, permaneceu 3 anos na bruma. A Académica continua a ter uns estatutos que, no entender de Almeida Santos, não são condizentes com os seus pergaminhos, que têm lacunas e que não são cumpridos.  

2. – CRIAÇÃO DE UMA EMPRESA DE INVESTIMENTOS E PARTICIPAÇÕES QUE FACILITEM A AQUISIÇÃO DOS PASSES DOS JOGADORES

 “Temos de criar uma sociedade que seja capaz de substituir a Académica em algo que a Académica não consegue fazer, que é adquirir activos; essa sociedade pode ter o nome de Académica Investimentos e Participações Sociais”, in Diário de Coimbra, 05-11-2004, acrescentando mais tarde que “a criação de um fundo de investimento dedicado à aquisição de alguns jogadores prioritários que possam ser uma mais valia para o clube é para nós uma prioridade muito forte que queremos implementar a curto prazo”, in Despertar, 03-12-2004. 

Abril de 2008 – Não só a direcção presidida por José Eduardo Simões não procedeu à criação de uma empresa de Investimentos e Participações como não rentabilizou activos. A Académica, desde 2003, procedeu à inscrição de 90 (!) jogadores, o que evidencia a total falta de critério ao nível da gestão desportiva, capacidade de identificar e rentabilizar talentos, assim como dotar a equipa de uma estrutura sólida, coerente, que confira um mínimo de identidade à equipa. 

3. – AQUISIÇÃO DA SEDE DO PROCAC NOS ARCOS DO JARDIM (?)

 “Comprometo-me a adquirir para a Académica o edifício dos Arcos do Jardim, nas condições que forem acordadas com o Conselho de Administração do PROCAC, em Janeiro de 2005”, in As Beiras de 24-11-2004, aquando da apresentação da sua candidatura ao triénio subsequente. 

Abril de 2008 – A aquisição tem vindo a sofrer permanentes adiamentos, que nos colocam perante a verdadeira questão: há mesmo interesse em proceder à respectiva aquisição? Três anos não foram suficientes para acordar com o Conselho de Administração do PROCAC os termos da alienação? 
 
4. – CRIAÇÃO DA FUNDAÇÃO

 “Precisamos de proceder à criação de uma Fundação em que todos os bens imobiliários possam ser concentrados para que não haja tentações de hipotecas e de venda desses activos”, in Despertar, 03-12-2004. 

Trata-se de mais uma atoarda lançada em plena campanha eleitoral que não passou disso mesmo, sendo que o risco de hipotecas sobre os bens imobiliários e a “tentação” de venda desses mesmos bens, permanece viva, bem real e com razão de ser, dado o extraordinário aumento do passivo que se verificou nestes últimos 3 anos. 

5. – O SURGIMENTO DO MUSEU DA ACADÉMICA

“Considero estratégico criar aquilo que seria o Museu do desporto de Coimbra, que seria uno, pois incluiria tudo o que está na AAC, nomeadamente a Taça de Portugal conquistada em 1939, todos os troféus e todo o historial que existe na OAF”, in Despertar, 03-12-2004, reforçando esta promessa ao dizer que “é minha intenção criar o Museu do Desporto Académico de Coimbra, reunindo no mesmo local todos os troféus que andam por aí espalhados e se possam relembrar nele os principais feitos, figuras, eventos e conquistas desde a fundação da Académica”, in As Beiras, 03-12-2004. 

Abril de 2008 – A ideia de proceder à criação de um museu, que vinha de encontro aos anseios de muitos dos associados que sonham, ainda hoje, em poder estar em contacto com o espólio do clube no que aos troféus diz respeito, num espaço condigno e que reflicta a grandeza da Académica, não passou do papel e de mais uma tentativa de capitalizar junto dos sócios, que têm, actualmente, absoluta legitimidade de se sentirem defraudados e enganados em mais uma (vã) promessa eleitoralista. Os troféus permanecem, portanto, espalhados, ao desbarato, sem o mínimo de dignidade por aquilo que simbolizam, fazendo parte de um passado nobre que esta direcção teima em querer fazer esquecer, o que algo de insustentável para todo e qualquer adepto da Académica, que tem MEMÓRIA! 

6. – PROSPECÇÃO E FORMAÇÃO DE NOVOS TALENTOS COM RECURSO A PROTOCOLOS COM CLUBES DA REGIÃO CENTRO, IN Expresso, 11-12-2004

Abril de 2008 – O único protocolo existente actualmente é com o Tourizense, clube que mantém uma parceria, a nível nacional, com o Futebol Clube do Porto. Quer isto dizer que, não só a Académica não desenvolveu parcerias com clubes a nível da região centro, sendo evidente a ausência de toda e qualquer base de prospecção e formação de novos talentos a esse nível, como também o único protocolo existente e em vigor, apenas tem por finalidade permitir alguma rodagem aos jovens jogadores que saem dos nossos escalões de formação, que vêem vedada a possibilidade de ascender ao plantel principal em virtude do grande número de estrangeiros e jogadores emprestados aí existentes, sendo emprestados ao clube de Touriz, onde, muitas vezes, caem no esquecimento em detrimento de outros, oriundos do clube com o qual o Tourizense mantém, verdadeiramente, uma relação de filiação: o Futebol clube do porto. 

7. – REDUZIR O PASSIVO SEM COMPROMETER O ESFORÇO DE INVESTIMENTO

 “O passivo está hoje em sete milhões de euros”, in A Bola, 15-12-2004. Mais especificamente, e de acordo com o Relatório e Contas do 1.º semestre de 2004, o passivo ascendia então a 7.142.218,14 €. “ Com a minha direcção, a Académica passou a ser um clube viável e com as contas cristalinas”, in Diário as Beiras, 06-12-2004. 

Abril de 2008 – O último relatório e contas evidencia que o passivo da Académica ascende actualmente a 10,5 milhões de euros, consubstanciando um aumento de 3,5 milhões de euros face ao triénio anterior. Significa isto que a gestão de José Eduardo Simões levou a Académica a aumentar o seu passivo em 50% (!) face a 2004, a uma média impressionante de 1 milhão de euros anuais.

A ideia do saneamento financeiro da Briosa é tanto mais falsa se tivermos em conta que as receitas aumentaram significativamente, conforme refere o próprio José Eduardo Simões: “Temos um conjunto de receitas certas, permanentes, que nos dão segurança, que será estável ao longo dos próximos anos e o que nós podemos fazer é continuar este caminho, de forma a contrariar as despesas e manter uma equipa muito competitiva”, in Despertar, 03-12-2004.

Portanto, impõe-se apenas uma conclusão: se o volume de receitas aumentou significativamente, se essas receitas foram permanentes e estáveis, e se o passivo aumentou extraordinariamente sem qualquer tipo de correspondência a nível desportivo, a direcção da Académica falhou num dos seus principais desígnios, comprometendo o futuro da Académica através de uma gestão ruinosa. 

8. – ESTABILIZAR A PRESENÇA NA LIGA PRINCIPAL DE FUTEBOL E ACEDER ÀS COMPETIÇÕES EUROPEIAS 

É possível chegar já esta época a uma classificação europeia”, declaração proferida no debate radiofónico na Antena 1, a 05-12-2004, in As Beiras, 06-12-2004 

Abril de 2008 – A Briosa tem garantido a permanência no escalão maior do futebol, ciclicamente, na derradeira jornada dos vários campeonatos em que tem participado. O orçamento para a equipa de futebol profissional, para a época de 2007/2008 rondou os 4,6 milhões de euros, o sexto mais elevado da Liga Bwin. Apesar disso, a Briosa permanece nos últimos lugares da tabela classificativa, não conseguindo fazer face a clubes de menor dimensão, com orçamentos significativamente mais baixos, mas que logram lutar pelos lugares cimeiros. A Europa tem sido, com José Eduardo Simões, uma mera utopia ou miragem. 

A nível de treinadores, passaram pela Académica Artur Jorge, Vitor Oliveira, João Carlos Pereira, Nelo Vingada, Manuel Machado, Domingos Paciência. Denominador comum? O facto de nenhum deles se ter imposto.

A nível de jogadores, foram apenas 90 os inscritos nos últimos 3 anos, o que evidencia tudo menos estabilidade. Falta de coerência na política de contratações, vendas de jogadores ao desbarato, falta de identidade. 

9. – MINIMIZAR A POLÍTICA DE JOGADORES EMPRESTADOS

 “Apenas em casos excepcionais recorreremos a jogadores emprestados”, declaração proferida no debate radiofónico na Antena 1, a 05-12-2004, in As Beiras, 06-12-2004. 

Abril de 2008 – A Académica tem tido no seu plantel principal, em todas as épocas, um mínimo de quatro/cinco jogadores emprestados, o que perfaz praticamente metade do onze titular. Salvo raras excepções, têm sido jogadores de valor questionável, que nada vêm acrescentar em termos qualitativos à equipa e impedem que os (poucos) jogadores formados na Briosa possam singrar na equipa principal.

10. – IMPLEMENTAÇÃO DE UM MODELO DE JOGO

 “Junto da Faculdade de Ciências do Desporto da Universidade de Coimbra estamos a trabalhar naquilo que será o modelo da Académica:a sistematização do modelo de jogo, pois com o mestre Cândido de Oliveira tínhamos um modelo definido e queremos voltar a ter um modelo próprio”, in A Bola, 15-12-2004. 

Abril de 2008 – A Académica não tem hoje nenhum modelo de jogo definido, tendo vindo a descaracterizar o seu futebol, fruto das constantes entradas e saídas de treinadores e de jogadores, o que contribui para a total perda de identidade da equipa, bem patente no divórcio que se verifica entre o clube a os adeptos, cada vez mais ausentes do estádio. 

11. – AUMENTAR O NÚMERO DE SÓCIOS PARA 30.000 
“Queremos chegar aos 30.000 sócios”, in Campeão das Províncias, 27-01-2005. 

Abril de 2008 – A realidade do clube, ao nível de sócios pagantes, á absolutamente desoladora, pois apenas pouco mais de 3.000 o são. Uma diferença abismal para o que havia sido prometido e que apenas vem comprovar que a massa adepta não se identifica com esta Académica, vindo progressivamente a distanciar-se dela. 

12. – NOVAS VALÊNCIAS PARA O PAVILHÃO OAF

 “O objectivo é dotar o pavilhão Jorge Anjinho de outras valências e conforto, passando a infra-estrutura a usufruir de habitações (estúdios), escritórios e serviços”, in Diário de Coimbra de 23-04-2005 

Abril de 2008 – O pavilhão Jorge Anjinho não foi requalificado e continua à espera dessas mesmas valências, permanecendo esta como mais uma das muitas promessas não cumpridas por José Eduardo Simões. 

13. – A CONCLUSÃO DA ACADEMIA BRIOSA XXI

 “A partir de Fevereiro (2005) irão ser instalados os relvados sintéticos e no início da próxima temporada (2005/2006), as camadas jovens estarão concentradas na Academia, e a aposta na formação vai ser ainda mais forte”, in O Jogo, 01-01-2005. 

Abril de 2008 – Apenas quase três anos depois do previsto se concluiu o Centro Dr. Francisco Soares, com os custos inegáveis que isso teve, quer em termos financeiros como da própria equipa de futebol e formação. Em ternos de aposta na formação, os resultados são praticamente nulos. Os últimos jogadores que ascenderam dos escalões jovens foram Zé Castro, Nuno Piloto e Vítor Vinha, sendo que nos últimos 3 anos se assistiu a uma preocupante estagnação a esse nível. 

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